quinta-feira, 12 de abril de 2012

Opinião - A Justiça do mais forte

O povo costuma dizer que a Justiça é cega, mas não completamente, porque não vê o que realmente interessa! A figura da mulher de olhos vendados segurando uma balança num equilíbrio perfeito está muito distante da imagem que a Justiça tem na realidade.
Atualmente, os pratos da balança estariam em desequilíbrio total! De um lado o prato bem pesado, assim como os bolsos dos poderosos e corruptos e no outro prato, quase vazio, como os bolsos dos menos favorecidos, os cidadãos, contribuintes. Estes sacrificados estão representados no símbolo da Justiça também na figura da mulher, de olhos vendados! Porque só de olhos tapados é que não enxergamos o que é bem evidente: ainda que, na teoria, a Justiça seja igual para todos, há uma Justiça para os ricos e outra para os pobres!
Mesmo que as leis sejam iguais para uns e outros, a sua aplicação é bem diferente. Os ricos que as transgridem, raramente sofrem as suas duras consequências e se ocorrer alguma excepção, todo o processo judicial segue ao ritmo de um caracol a caminho da prescrição. Tudo isto porque têm possibilidades de pagar altos honorários, conhecedores de todas as lacunas da lei. Os cidadãos mais pobres, não têm outro remédio senão recorrer a defensores com orçamentos mais acessíveis ou, inúmeras vezes nomeados oficiosamente por carência económica do arguido.
Nesta primeira fase, o rico é quase sempre beneficiado, mas se for condenado a pena de prisão, terá privilégios e estará cá num piscar de olhos. Já o pobre, sem privilégio algum, estará privado de liberdade e limitação de convívio com familiares e amigos, vivendo dentro dos muros da prisão à margem de valores como o respeito e a dignidade humana.
Quem incorre numa prática ilícita tem sempre noção de estar a adoptar um comportamento incorrecto e punível, tanto ao nível judiciário, como social.
Após a Justiça do tribunal ser cumprida, segue-se a Justiça imposta pela própria sociedade. No caso do rico, devido ao seu estatuto social, normalmente os factos nunca são provados a 100% e este nunca cumpre o total da pena imposta inicialmente pelo tribunal, a sociedade acaba por não valorizar o sucedido e passado uns meses já ninguém se lembra. Pior é a maneira como recebem o pobre no exterior. A mancha que transporta consigo, por vezes injustamente, vai-lhe fechando todas as portas e vai encurralá-lo, quase que obrigatoriamente na marginalidade.
Nesta sociedade globalizada aumenta a violência, esta que começa a ser considerada uma acção banal, por isso as penas são, cada vez mais, reduzidas.
Não se compreende como autores de homicídios previamente determinados e detalhados sejam condenados no máximo a vinte e cinco anos de prisão, período que pode ser aligeirado por atenuantes sugeridas pelos advogados. Falamos de homicídios, mas poderíamos falar em outros crimes.
É revoltante quando ligamos a TV e deparamo-nos com um bando de corruptos a serem tratados por Doutores e Engenheiros, quando as suas riquezas são geradas sabe-se lá de onde. E essas riquezas relâmpago não serão fruto de crime?
O que fazer? Até ao momento só nos resta respirar fundo, bem fundo, fechar os olhos e seguir em frente. 


Por: A.S.

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